quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Convento da Cartuxa: dois tempos, duas cores, uma história

 
Dois tempos, duas cores, uma história
 
O primeiro tempo foi ao fim da tarde, já quase sem luz, a espreitar através das grades trabalhadas do portão fechado. A palavra "clausura" impõe respeito, e também curiosidade. O que estará lá dentro?
Um desenho a aproveitar a luz que ainda resta, quando vejo dirigir-se para mim um frade com carapuço, que me pergunta: Posso ajudar?
 
 
 
 
Abre o portão, e eu explico que estou a tentar desenhar, mas que a luz já é pouca...
Tentou abrir uma luz para que eu pudesse ver, mas sem sucesso. Diz-me então que precisava dizer uma coisa ao meu marido, mas que gostava que eu ouvisse.
Fui curiosa, segui-o até junto ao carro. Então começou a contar a história da vida, que já ali estava há 40 anos, que tinha nascido em Goa, porque tinha seguido aquela vocação, que agora no Convento eram apenas 5 (já tinham sido 40), que uma vez tinha estado lá um jornalista e que tinha publicado a conversa que tinha tido com ele, sempre perguntando quem éramos, o que fazíamos! E com uma alegria e energia cativantes! Já era noite quando nos despedimos, com um gosto bom do inesperado do momento.
 
Voltei no outro dia, desenhei a castanho o segundo tempo, já com luz. Mas o desenho ficou incompleto. Faltaram as histórias do irmão António Maria.
 
 
 
                                                                                                                                                         Évora

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